O mundo não se atrai tanto pelos mestres, mas pelas testemunhas. Uma das máximas mais importantes e conhecidas do magistério dos papas pode-se bem aplicar à vida dos religiosos, que se consagram a Deus num específico Instituto para servir à causa do Evangelho no mundo.
Essa convicção orientou nestes anos o pensamento de Bento XVI sobre a vida consagrada, em particular quando no dia 2 de fevereiro – festa da Apresentação do Senhor – o papa se dirige aos religiosos no dia que recorda e celebra a sua específica vocação.
Aproveitamos a festa da Apresentação do Senhor para repropor algumas passagens mais salientes do ensinamento de Bento XVI sobre a vida consagrada.
A cena do Evangelho de Lucas que mostra o ancião israelita Simeão ir ao encontro do pequeno Jesus apresentado no Templo por Maria e José, abraçá-lo e expressar toda a sua alegria a Deus por aquele encontro longamente esperado, é como uma "janela" através da qual o Antigo Testamento se "apresenta" no Novo.
Nos olhos do ancião Simeão refletem-se os olhos dos profetas que anunciaram o Messias sem vê-lo: no abraço do ancião ao recém-nascido reflete-se o tempo da primeira Aliança que toca fisicamente a Aliança da salvação. Bento XVI evidenciou a experiência de Simeão numa das homilias de 2 de fevereiro:
"Naquele Menino reconhece o Salvador, mas intui no Espírito Santo que gira em torno dele o destino da humanidade, e que deverá sofrer muito por parte daqueles que o rejeitarão; proclama a sua identidade e a missão de Messias com as palavras que formam um dos hinos da Igreja nascente (...) O entusiasmo é tão grande que viver e morrer são a mesma coisa, e a "luz" e a "glória" se tornam uma revelação universal." (2006)
"Os meus olhos viram a sua salvação", afirma com gratidão o ancião Simeão. Mas o desejo dessa revelação – explica ainda o pontífice – jamais se apagou. "Como os anciãos Simeão e Ana – ressalta – tinham o desejo de ver o Messias antes da sua morte" e falavam dele "aos que esperavam a redenção de Jerusalém":
"... assim também neste nosso tempo é difusa, sobretudo entre os jovens, a necessidade de encontrar Deus. Aqueles que são escolhidos por Deus para a vida consagrada fazem seu de modo definitivo esse anseio espiritual. Neles habita uma só expectativa: a espera do Reino de Deus; que Deus reine em nossas vontades, em nossos corações, no mundo. Neles se consume uma única sede de amor, que somente o Eterno pode apagar." (2007)
"Mais vezes também eu – afirmou Bento XVI no dia 18 de fevereiro de 2008, encontrando um grupo de representantes de Institutos religiosos e de sociedades de vida consagrada – quis reiterar que os homens de hoje sentem um forte chamado religioso e espiritual, mas se sentem prontos a escutar e seguir somente quem testemunha com coerência a sua adesão a Cristo." Em seguida, afirmou:
"A celebração de hoje é mais do que nunca oportuna para pedir juntos ao Senhor o dom de uma sempre mais consistente e incisiva presença dos religiosos, das religiosas e das pessoas consagradas na Igreja em caminho pelas estradas do mundo. Caros irmãos e irmãs, a festa que hoje celebramos nos recorda que o testemunho evangélico de vocês, para que seja verdadeiramente eficaz, deve nascer de uma resposta sem reservas à iniciativa de Deus que os consagrou a si com um especial ato de amor."
Fonte: Rádio Vaticano
Local:Cidade do Vaticano
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