Por Dom Orani João Tempesta
No dia 10 de agosto celebramos a festa de São Lourenço, diácono e mártir e patrono dos diáconos. Viveu na época do Papa Sisto II, quando procurou servir os pobres com bens da comunidade de fé.
Sobre ele recordamos as palavras do Santo Padre, em sua homilia na Basílica que leva o nome do mártir, em Roma, em 30 de novembro de 2008: “sua vida foi dedicada aos pobres, e deu generoso serviço à Igreja de Roma, especialmente no cuidado dos pobres e da caridade!”
De São Lourenço recordamos o seu testemunho diante da pressão do imperador que queria para si os imaginados bens da Igreja: “a riqueza da Igreja são os pobres.”
Percorrendo o mês de agosto, mês das vocações, deparamo-nos com a Vocação Diaconal. Celebramos o Dia dos Padres no dia quatro de agosto, e o Dia dos Pais no segundo domingo do mês, quando começa a semana nacional da família. O diácono é uma vocação ministerial para o serviço.
Existem muitas razões de ordem pastoral para a implantação do diaconato permanente onde ainda não o foi. Poderíamos enumerar algumas: ampliação dos serviços da caridade e da liturgia junto ao povo fiel, principalmente nos grandes centros urbanos, tão carentes deste atendimento por parte da Igreja; a presença sacramental e ministerial da Igreja em muitas ambientes da vida secular onde ela não consegue chegar com facilidade. Afinal é um dos ministérios presentes na Igreja e que complementam a missão na diversidade de funções e necessidades.
Porém, gostaria de ressaltar o diácono como fonte do ministério do amor e da justiça. O diácono é ordenado para incorporar uma dimensão do ministério apostólico: o do serviço, como disse acima.
O próprio termo diaconia já por si expressa o ser diácono – o que serve, configurando-se ao Cristo Servo que “não veio para ser servido, mas para servir”. O diaconato expressa-se em três dimensões: o serviço da caridade, o serviço da liturgia e o serviço da Palavra de Deus.
E dentro da perspectiva do serviço, destaco o da caridade, o serviço junto aos pobres, à situação de pobreza. A Igreja espera dos diáconos uma resposta às necessidades dos menos favorecidos de nossa sociedade.
Recordo a carta da Congregação do Clero, assinada pelo Cardeal D. Claudio Hummes, emitida por ocasião do Ano Sacerdotal: “os diáconos são identificados, sobretudo, com a caridade. Os pobres são o seu ambiente cotidiano e o foco de sua atividade sem descanso. Não se compreenderia um Diácono que não se envolvesse na caridade e na solidariedade para com os pobres, que hoje de novo se multiplicam.”
O Diaconato é um ministério do limite, por causa da atenção e do cuidado com aqueles que estão na situação de miséria e de pobreza, os preferidos de Jesus, e que precisam de nossa atenção social e também espiritual.
O diácono é um sinal da caridade e do serviço, da Igreja que ama os pobres e vive para servir aos homens e as mulheres de boa vontade. O diácono é um servo que traça o caminho do amor e da afeição em relação ao dom maior da caridade.
Em seu empenho pela caridade, deve-se incluir a sua estreita colaboração ao bispo, que é o primeiro responsável pela caridade na Igreja local, e o diácono é chamado, pelo seu ministério, a ser um de seus mais próximos colaboradores nesta missão.
Em muitas dioceses, seja no Brasil ou no exterior, temos vários testemunhos de diáconos empenhados e que servem, principalmente, a mulheres vitimas de violência, a crianças maltratadas, doentes mentais, tóxico-dependentes, pessoas portadoras de HIV, sem teto, prisioneiros, refugiados, migrantes, populações de rua, desempregados e vítimas de discriminação racial ou étnica. Isso tudo, sem dúvida, é uma grande riqueza para a Igreja.
Outro tipo de pobreza para a qual o diácono é chamado a servir é a pobreza de ordem espiritual. É muito fácil encontrarmos pessoas que estão em extrema carência de atenção, que se encontram na solidão, na raiva, no ódio, na confusão espiritual, na depressão, e no sofrimento. Precisamos levar Jesus para essas pessoas, mantermo-nos junto delas, oferecendo o Seu amor.
Os diáconos podem muito se empenhar no ministério da escuta e do aconselhamento desses nossos irmãos. Sendo homens de fé, a serviço da Igreja, também estão inseridos no ambiente familiar, da cultura e do mundo do trabalho. Isso tudo lhes permite conhecimento de causa e, à luz do Evangelho, como servidor da Palavra, dar ânimo de vida e de esperança.
Neste dia dedicado aos Diáconos, peço por todos os nossos diáconos permanentes da Arquidiocese. Agradeço o serviço que prestam ao seu Bispo e ao Povo de Deus. O exemplo de perseverança e de fidelidade de seu patrono, São Lourenço, possa ser uma luz na caminhada ministerial dos Diáconos.